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Tuim e Sandyalê: 'Dia Santo' é ode à democracia contra cães que ladram

Foto do escritor: Susse MagazineSusse Magazine

Música foi composta pelos artistas via zoom, no songcamp da Aceleração Labsonica Edição Toca do Bandido


Metaforizada, a Quarta-Feira de Cinzas coloca-se para o duo Tuim (Felipe Habib e Paula Raia) e à cantora Sandyalê muito além do fim do carnaval, que sequer existiu - como festa - em 2021. É sobre o Brasil atual e suas nuances tortas e já está nas plataformas digitais. Ouça Dia Santo aqui: https://links.altafonte.com/diasanto.

A música nasceu via zoom, no songcamp da Aceleração Labsonica Edição Toca do Bandido, conduzido por estímulos de Constança Scofield (diretora artística) e Flávia Tygel. A produção da música é de Felipe Rodarte.

"Escutamos 'Partido Alto' (Chico Buarque), escutamos depoimento inédito de Milton Nascimento sobre processo criativo. Fomos levados a uma situação inusitada pra dentro de nossas imaginações como estímulo criativo: os três, após curtirem um bloco na Vila Cosmos, se encontram dentro do apartamento de um para seguirem bebendo. Dali em diante, o resto seria fruto de nossas imaginações, sensações e experiências", contam os músicos sobre a concepção de 'Dia Santo'.

Dia santo poderia ser sobre o carnaval, mas não é. Poderia também ser sobre a quaresma, mas não é. Sobre os enfurecidos latidos de cães. Mas não. Dia santo poderia ser sobre fantasia e também black-ties. Dia santo poderia ser apolínea, tanto quanto dionisíaca. Casta, pura, puta, livre.

Poderia ser redenção, aprisionamento. Folia, isolamento. Poderia ser sexta mas também poderia ser cinzas. Poderia ser água, fogo. E terra. E ar. E tudo isso junto. Dia santo poderia ser. Mas não é.

A poesia dessa canção fala dos tempos doidos e doídos, atravessada pela estética sonora e visual do carnaval de rua (e a impossibilidade de vivê-lo). Metaforiza os cães, palhaços e tintas, ressignificando-os a um campo político e social. Também “dessantifica” a figura humana, tentando trazer o próprio ser humano para a humanidade (passível de falhas e de conquistas).

Para além da construção sonora instrumental, a canção ganha uma narrativa de contra-cantos, coros, preces, batuques, risadas e falas, reforçando ainda mais a ideia dos ruídos das ruas, as diferentes falas e vozes, a confusão do inconsciente, as preces individuais (para além de uma questão religiosa).


Curiosidades da gravação Dentro da plataforma de zoom, Paula, do Tuim, conta que no início do dialogo com Sandyalê, escutavam os cachorros da sergipana, que latiam muito alto. "Foi o gatilho para Felipe escrever a frase que deu início a poesia construída pelas três cabeças: 'esses cães que ladram, como ladram'”.

Sandyalê, que pontua muito bem Dia Santo - "uma canção política de carnaval" -, revela que foi um encontro online de três horas de atividades para compor. "Fizemos duas músicas, uma iniciada pelo Tuim e outra iniciada por mim. Foi muito gostosa a experiência, troca, aprendizados, exercício com as palavras".


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