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O novo single do Not For $ale, “The 47th”: um chamado de atenção à beira da democracia

  • Foto do escritor: Susse Magazine
    Susse Magazine
  • 13 de out.
  • 3 min de leitura
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Com sua faixa de estreia, “The Pretender”, o Not For $ale fez uma entrada contundente no cenário do rock político — nomeando nomes, confrontando o poder e desafiando os ouvintes a questionarem o rumo da democracia. Agora, o projeto retorna com “The 47th”, uma declaração mais afiada e profunda que evolui da pura indignação para uma crítica intensa e comovente aos sistemas que permitem o avanço do autoritarismo.


Neste novo single, o Not For $ale analisa a cultura da desinformação, a política do espetáculo e a erosão institucional, alertando para um ponto de inflexão em que a democracia corre o risco de se desviar para algo muito mais sombrio. É uma canção construída sobre a urgência e a resistência, impregnada de energia bruta e uma inquietação profunda sobre o caminho a seguir.


Falando sobre as origens da faixa, a artista relembra um momento de profunda desorientação: “A canção nasceu de um vertigem interior. Fiquei atônita diante daquela decisão política — um absurdo brutal que me deixou paralisada. Sem palavras, sem rumo. O silêncio tomou conta de mim, não por calma, mas por choque. Depois de alguns dias de negação, escrever tornou-se uma necessidade. Aos poucos recuperei minha voz — mais aguda, mais cortante, refletindo minha incompreensão. Mais tarde veio a raiva, e com ela, a urgência de agir. O tom da música reflete essa tensão: não busca acalmar, mas despertar.”


À medida que a realidade se impunha, aquele silêncio inicial transformou-se em um desafio artístico. A artista descreve “The 47th” como uma resposta direta à crescente normalização do abuso de poder: “Com o passar dos dias, os absurdos ficaram evidentes. Cada declaração, cada gesto parecia parte de uma encenação, onde a verdade havia se tornado um suporte maleável. Essa obra denuncia a autocracia e a concentração de poder nas mãos de um homem com um ego desmedido. Não se trata de uma discordância política, mas de um colapso estrutural — uma guinada para a verticalidade autoritária, onde a palavra se torna lei. Os pesos e contrapesos estão se erodindo, e a narrativa oficial se transforma em uma trama imposta. Nesse contexto, ‘The 47th’ atua como um contragolpe: rejeita a encenação, rejeita o conforto do silêncio. Questiona, perturba, expõe. Não é uma música que tenta persuadir, mas despertar as pessoas. É um lembrete de que a arte ainda pode ser um espaço de resistência, um lugar para a clareza.”


Essa sensação de urgência se reflete na arquitetura sonora da faixa. Musicalmente, a canção começa de forma crua e sem filtros — tanto para marcar o choque quanto para sacudir aqueles que se deixam levar, ou melhor, enganar, por discursos de tom patriótico. Discursos que, sob um verniz unificador, revelam uma máquina de controle, uma retórica de dominação. O som é direto, implacável, como um golpe na fachada — sem prelúdio, sem consolo, apenas uma abertura que diz claramente: “Acordem.”


Cada elemento de “The 47th” reflete essa tensão interna: o diálogo entre instinto e estrutura, emoção e controle. Como em todas as faixas do Not For $ale, a artista compôs e gravou todos os instrumentos sozinha. Para “The 47th”, guitarra e voz se fundem em uma troca constante — nem se guiando nem se seguindo, mas respondendo, provocando e impulsionando uma à outra. Esse diálogo instintivo moldou a tensão da música e lhe deu coerência emocional. A bateria definiu a forma da canção; através dela surgiram as pausas, as suspensões e as fraturas rítmicas, guiando a energia e os pontos de tensão. Em seguida, o baixo entrou para ancorar o caráter e o impulso da peça, trazendo peso e movimento.


No entanto, “The 47th” também marca uma mudança crucial no processo criativo do Not For $ale: uma abertura após anos de total independência.


“O que mudou com ‘The 47th’ foi a atenção dada à mixagem e masterização. Para essa etapa, recorri à colaboração externa — algo inédito no meu processo. Até então, eu moldava tudo sozinha, do primeiro acorde até o render final. Desta vez, decidi me abrir, cercar-me de outros para refinar o material sonoro, para aprofundar a precisão e a coerência. E isso é perceptível: o resultado final se distingue de tudo o que fiz antes. O som é mais assertivo, com mais camadas; cada elemento encontra seu lugar com clareza e tensão. É um caminho que pretendo seguir nos próximos lançamentos.”


Com “The 47th”, o Not For $ale amplia sua missão: vai além do protesto para a confrontação — e além do ruído, em direção ao significado. A faixa é tanto um alerta quanto um despertar: a arte, quando permanece firme, ainda atravessa a névoa.



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